segunda-feira, 18 de julho de 2011

I Coríntios 05


Corinto era o centro comercial da Grécia. Era um lugar em que se praticavam muitas religiões, a maioria das quais bastante sensuais. Mais de um milhar de prostitutas sagradas serviam no Templo de Afrodite. Este facto deve ter contribuído bastante para a reputação imoral da cidade.

À Igreja localizada nesta cidade, Paulo escreveu a Carta que vamos estudar, mais ou menos no ano 54 D.C., na cidade de Éfeso. Uma outra carta ele já havia escrito, mas perdera-se (5:9). A razão que o levou a escrever esta Carta foi dar resposta a um número de questões postas pelos coríntios numa carta que lhe tinham escrito anteriormente (7:1). É uma carta muito prática. O autor contesta perguntas feitas pelos irmãos, resolve problemas da Igreja, e dá uma sã doutrina para sua consideração.

O prático desta epístola é a sua importância para os dias de hoje, sendo de grande valor para as nossas Igrejas, como passaremos a apresentar.

O propósito deste Estudo é recordarmos que desde o Antigo Testamento a unidade entre os crentes se apresenta como o desejo de Deus para o seu povo.  Canta o salmista: “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união” (Salmo 133:1). 





A DISCIPLINA DA IGREJA
5:1-13

A Igreja é um organismo espiritual, em que Jesus é o seu Líder. O inimigo quer entrar nela através de algum membro da Igreja que lhe facilita uma entrada, abrindo o seu coração. Deus providenciou a disciplina para livrar a Igreja das tristes consequências do ataque do inimigo.

Paulo dá três razões porque se deve disciplinar a pessoa culpada

1. Para o bem-estar do irmão culpado (5:1-5)
Na Igreja de Corinto havia imoralidade. Um grupo de crentes imaturos e carnais motivou uma série de medidas disciplinares por parte de Paulo. Havia o caso de um membro que vivia com  a  esposa de seu pai (madrasta ?). Os membros não queriam tratar o problema em geral nem o culpado em particular.

A fornicação (relações sexuais entre pessoas não casadas) era vergonhosa  e  estava  destruindo o testemunho da Igreja.

É claro que toda a congregação tinha conhecimento daquele pecado, mas ninguém tinha coragem para enfrentar o problema. Paulo preocupava-se com o pecado em si, mas a atitude da Igreja causava-lhe ainda maior apreensão. Em vez de se sentirem amargurados pelo caso, demonstravam arrogância.

Além disso, não tinham consciência do que tal acto poderia acarretar para a Igreja. A não tomada de qualquer medida disciplinar mostrava conivência com aquele pecado. Deste modo todos os crentes participavam deste pecado.

Quando um crente, seduzido pelo inimigo, desliza e cai em pecado, fica como se estivesse anestesiado. Uma atitude amorosa mas firme da parte da Igreja, vai servir-lhe para um verdadeiro despertamento. Ele sente que o pecado não apenas o separou de Deus, mas também do povo de Deus.

Foi isso que sucedeu na Igreja de Corinto. A disciplina aplicada levou-o a despertar e a ser tomado de uma profunda tristeza (II Coríntios 2:6-8), que o levou a um pleno restabelecimento (II Coríntios 2:10)

O quadro apresentado por Paulo não é o de um polícia prendendo um malandro. Paulo quer tratá-lo como a um filho (4:14-15):
a) O primeiro propósito era para ajudar a pessoa em vez de defender o testemunho da Igreja ou o nome de Cristo.

b) A “jactância”  dos  coríntios  demonstrava  a  falta  de amor verdadeiro para com o fornicador.
c) A disciplina deve ser dada pela Igreja inteira, não por alguns líderes (5:4). A situação era conhecida pela comunidade. Se a pessoa não queria arrepender-se, então devia retirar-se da comunhão da Igreja (5:5). O propósito não era deitar fora um membro mas levá-lo ao arrependimento.

2. Para o bem-estar da Igreja (5:6-8)
O pecado é um mal terrível, e que engana (Hebreus 3:13). Quando um membro cai em pecado, o Diabo logo o apresenta aos outros membros como um exemplo de que tal pecado não é mais algo tão sério e, assim como aquele membro fez, os outros também o podem fazer. O mau exemplo do faltoso começa a atrair a outros que são fracos. “Um pouco de fermento faz levedar toda a massa” (5:6).

Se nenhuma medida disciplinar for tomada na Igreja, isto será tido como um sinal de tolerância da parte da mesma diante do pecado cometido. O mau exemplo começa a tornar-se padrão e a diferença entre um crente e o mundo começa a desaparecer.

Quando, porém, a disciplina contra o pecado for aplicada na Igreja, o Senhor começará então a dominar os crentes. A disciplina mostra aos crentes que “os pecadores não subsistirão na congregação dos justos” (Salmo 1:5).

Quando o pecado domina, Deus retira-se e a Sua glória desaparece (I Samuel 4:21-22). Quando o fermento é tirado, então a Igreja pode outra vez fazer festa ( 5:8 ). Perante tal situação na Igreja de Corinto, Paulo  pergunta se não sabiam que a tolerância de tal pecado acabaria por ter uma influência negativa na congregação.

Vejamos
a) A Igreja se orgulhava de sua liberalidade (5:6). Os coríntios auto-iludiam-se ao anunciar o bom estado em que se encontrava a Igreja.

b) O mal geraria no mal, e tal como o fermento, a influência daquele acto ímpio terminaria por contaminar a comunhão entre todos.

c) A Igreja deveria limpar-se do pecado e tornar-se naquilo para que fora criada, tornando-se imperioso o afastamento daquele homem da comunhão da Igreja (5:7-8).

3. Para o bem-estar no mundo (5:9-13)
Não era a primeira vez que Paulo escrevia à Igreja de Corinto, instruindo-a no tocante às relações com cristãos imorais. Já anteriormente o tinha feito. Agora, ele reafirma o que havia dito, mas com mais ênfase.

a) Afirma que o pecado na Igreja é pior que no mundo (5:9-10).
b) Paulo declara que a Igreja não pode pregar uma mensagem de salvação ao mundo se vive como a maioria do mundo (5:11-13).

É impossível não ter algum contacto com pessoas ímpias no mundo dos negócios cotidianos da vida (5:10). Paulo afirma,  todavia, que não é correcto manter comunhão com um crente que esteja sob disciplina (5:11).

De que maneira deve ser aplicada a disciplina na Igreja?

Existem dois extremos na maneira de pôr em prática a doutrina sobre a disciplina

1. Um extremo é o relaxamento
Isto é, os responsáveis não levam nada a sério. Tudo é tolerado.

As causas do relaxamento podem ser várias. Alguns têm medo de ser censurados, outros têm receio de perder o seu prestígio ou a consideração de parentes ou de familiares do faltoso, etc..

2. O outro extremo é um radicalismo exagerado
Crentes são eliminados da Igreja quase por qualquer motivo. Quem não estiver de acordo com o responsável, é excluído.

Existem até exclusões em massa, com o pretexto de “fazer limpeza na Igreja”. Porém, cada um lembre-se que chegará o dia em que o responsável terá que prestar contas de cada membro da Igreja que lhe foi confiado (Hebreus 13:17). Jesus disse: “Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu senão  o filho da perdição” (João 17:12). Que Deus nos guarde a todos. Que ninguém fique de fora do céu por ter sido vítima da dureza excessiva da nossa parte.

A maneira correcta de aplicar a disciplina é fazê-la para ganhar o faltoso (Mateus 18:15). “Ganhaste a teu irmão” (Tiago 5:20). Devemos fazer tudo para encaminhar aquele que foi desencaminhado (Gálatas 6:1). Tudo deve ser feito com amor e mansidão (II Timóteo 2:24-26). A Bíblia fala que devemos buscar a ovelha perdida, tornar a trazer a desgarrada, ligar a quebrada e fortalecer a enferma (Ezequiel 34:16).

A aplicação da disciplina pode ser em forma de advertência pessoal  (Mateus 18:15), visitação acompanhada (I Coríntios 4:19-21; Mateus 18:15-17), advertência pública (I Timóteo 5:20), comunicação escrita (II Coríntios 7:8-10, exortação pessoal (Gálatas 6:1), suspensão (II Tessalonicenses 3:14-15; Tito 3:10), exclusão do rol de membros (Mateus 18:17). Neste caso, o acto de exclusão da Igreja é apenas uma expressão visível daquilo que o Senhor da Igreja já fez.

Quando, porém, o faltoso não se arrepende, ou a falta for de tal natureza, que haja causado escândalo, então aplique-se a forma de disciplina que o Senhor ordenou, deixando o faltoso fora da comunhão (5:11, 13). É realmente coisa muito séria separar uma pessoa da comunhão.

Lá fora está o Diabo. É por isso que a Bíblia fala de entregar o pecador a Satanás (5:5), porque é ele que anda lá fora, procurando a quem possa tragar ( I Pedro 5:8 ).

Quando a disciplina é executada com a amor e bons conselhos, o faltoso sente que na hora de maior angústia da sua vida, não lhe faltou a ajuda da parte do seu pastor nem de seus irmãos na fé. Ele concorda com a disciplina porque verá que ela é aplicada em obediência à Palavra de Deus, mas sente-se tocado pelo amor que encontrou em hora tão amarga.

O crente chora de arrependimento e pede ao Senhor graça para poder voltar para Ele e para a Igreja. Assim, a principal finalidade da disciplina é alcançada: a recuperação do faltoso. A obra do Diabo foi desfeita ( I João 3:8 ).

Algumas das infracções registadas na Bíblia são
a) Abandono da Igreja (Hebreus 10:25).
b) Escândalo, mau testemunho, vida  desordenada (II Tessalonicenses 3:6-14).
c) Divisões na Igreja (Romanos 16:17-18; Tito 3:10).
d) Imoralidade, como fornicação, etc. (I Coríntios 5:1, 3, 9, 11, 13).
e) Heresias, adoptá-las e ensiná-las (Tito 3:10-11).
f) Elemento perturbador da unidade da fé (Gálatas 5:10).
g) Doutrinas falsas,  corrupção da doutrina, inovações (II João 10-11; II Timóteo 2:16-18).
h) Casamento  com  descrentes (II Coríntios 6:14-18; Deuteronómio 7:3; Esdras 9:12).
i) Blasfêmia (I Timóteo 1:20).

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